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Café Teológico IPF - Kit de sobrevivência - Teologia

Café Teológico IPF - Kit de sobrevivência (2)

Ementa: O que é Teologia? O que é Teologia Bíblica?  Sola Scriptura. Por que estudar Teologia? Por que estudar Teologia é importante?

Slides da aula: clique aqui

Revisão da aula passada - Palavra:



O que é Teologia?
"Primeiramente para se compreender Teologia é preciso enquadrar o termo em seu aspecto etimológico e semântico.
Etimologicamente Teologia é a junção de dois termos gregos, a saber: Theós + logia = Deus + ciência. No caso da palavra grega logia, seu significado expressa "saber", "ciência". E Théos, significa Deus. Portanto, etimologicamente, Teologia é "um discurso, um saber, uma palavra, uma ciência de ou sobre Deus". Ou seja, Teologia é colocar Deus no nível do discurso humano. Não é nivelá-lo a esse nível, mas expressar através da palavra o conceito que se faz do Deus vivo no pensamento humano.
Apesar de existirem termos parecidos com teologia, seus significados etimológicos são extremamente diferentes, pois partem de outro ponto de vista. Assim temos "teosofia", conhecimento de Deus através de uma especulação filosófica de raiz mística; e, "teodicéia", que é sinônimo da teologia natural que procura à luz da filosofia responder às duas questões “an sit Deus” – se Deus existe – e “quid sit Deus” – qual é a essência de Deus.
Mas esclarecer Teologia etimologicamente é insuficiente para a abrangência do termo. Assim temos de verificar a questão semântica, isto é, o significado da palavra ao longo do decurso da história. Vejamos como o termo Teologia sofreu mudanças semânticas.
Apesar de no Ocidente o termo estar ligado à tradição judaico-cristã, não encontramos na Bíblia o berço semântico do termo. Implicações como o termo “logia” que, na Bíblia, aparece num sentido diferente do mundo grego, que significa, biblicamente, “fazer experiência profunda a ponto de exprimir até as relações íntimas sexuais” (Gn. 4.1, 17, 25; 19,8; 24.16; Lc. 1.34).
Apesar do significado diferente, a Bíblia demonstra o termo Teologia na expressão “Palavra de Deus”. A Bíblia implica, em seu bojo, um certo nível de reflexão teórica sobre a própria fé, (1Pe. 3.15), próprio da teologia. O termo, exatamente, não é utilizado, mas na, prática, “o discurso, saber, palavra, ciência de ou sobre Deus” está ali patente. O esforço de colocar Deus no nível do discurso humano está claro, principalmente e a Teologia é realizada na Bíblia (Mt. 16.13).
Portanto, as raízes do termo estão fincadas em outro lugar, não na Bíblia, e há encontramos no mundo grego pagão. O termo “theologeion” significa o lugar onde os deuses apareciam, espaço reservado no palco de um Teatro. O verbo “theologeo” significa discursar sobre os deuses ou sobre cosmologia ou referir-se a uma influência divina. Assim “theologia” exprimia a ciência das coisas divinas ou oração em louvor de um deus ou o encantamento e invocação de um deus. O “theologos” era aquele que discursava sobre os deuses.
Platão já definia “teologia” como discurso sobre Deus ou os deuses. Aristóteles usava o termo para definir os campos do saber e usava-os, muito freqüentemente, para falar sobre fábulas mitológicas. A teologia latina cristã antiga, manteve o significado pagão utilizado no mundo grego. O próprio Agostinho refere-se à teologia no sentido mitológico, filosófico e civil. O termo foi finalmente definido como “ciência divina, ou seja, conhecimento do mistério mesmo de Deus, de Cristo”. Orígenes assume também a acepção cristã do discurso sobre Deus e Cristo. Eusébio contribui para que adote cristãmente este termo pagão, ao referir-se à teologia sobre Cristo. A patrística assume o termo “teologia” para o discurso sobre o Deus verdadeiro, sobre a trindade. Ao definir a teologia sobre Cristo, Abelardo utiliza um termo diferente: “beneficia”. A escolástica usava, ainda sobre o estudo sobre Cristo, os termos, entre outros, “doctrina christiana”, “doctrina divina”, “sacra doctrina”. O próprio termo “theologia” não encontrava espaço definido na alta escolástica. Com Santo Tomás e Escoto, “teologia” passa a ter o significa que tinha “sacra doctrina”.
A partir daí formou-se uma nova concepção do termo “teologia”, deixando-a especulativa, o que diminui o significado que “sacra doctrina” possuía. Assim a “teologia”, passou a ter distinções, não era somente teologia, mas, teologia e, também, um ponto de vista determinado, assim temos: “teologia mística”, “teologia ascética”, “teologia moral”, “teologia positiva”, “teologia escolástica”.
Entretanto, o conceito “teologia” encontra-se no exercício intelectual não só para a compreensão de ou sobre Deus, mas principalmente aprofundar, justificar, esclarecer seu ato de fé nEle. Se a fé termina em Deus, portanto a teologia é a reflexão crítica e sistemática sobre a fé. A fé requer objeto, portanto no fim das contas acabamos por definir que a teologia trata de Deus, mediado pela fé.
Assim teologia faz reflexão sobre a fé (aspecto subjetivo) e a ciência de Deus (aspecto objetivo).
A teologia, partindo de Deus ou do teólogo, a igreja se constitui numa espécie de intermediária entre ambos. Assim a igreja, ou comunidade, (que transmite a fé), é o local onde se faz teologia." (Extraído do texto Teologia - o que é? Disponível em <https://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/teologia-o-que-e> Acesso em 03 nov 2018)

Teologia Bíblica:
"Quando alguém ouve falar de Teologia Bíblica nem sempre fica claro a que exatamente essa expressão se refere. Alguns entendem que a expressão diz respeito à teologia de acordo com a Bíblia, em oposição a uma teologia herética. Outros imaginam que a referência é a uma teologia que está baseada nas Escrituras. Nenhuma dessas sugestões é correta. A Teologia Bíblica define-se basicamente a partir de sua distinção em relação à Teologia Sistemática e à História das Religiões. A proposta fundamental da Teologia Bíblica é construir uma teologia a partir das Escrituras, de modo indutivo, sem depender das categorias definidas pela Sistemática ou pela Dogmática. Para uma descrição mais objetiva dessa distinção vale a pena esboçar o seguinte quadro:

ABORDAGEM
Fonte dos Dados
Metodologia
Hermenêutica

Teologia Bíblica

Cânon das Escrituras
Exegética e Teológica
Organização: Conceitual, Tópica e Histórica.
Descritiva
e Normativa

Teologia Sistemática

Escrituras Sagradas, Tradição Histórica, Razão (filosofia) e Experiência Humana.
Teológica
e Filosófica.
Organização sistemática e lógica.
Normativa
e Construtiva

História da Religião

Escrituras, documentos de outras religiões, literatura e arqueologia.
Fenomenológica
e Histórica:
Organização: Cronológica e Genética.
Descritiva
                       
Como podemos observar, a Teologia Bíblica parte unicamente das Escrituras e procura prescindir da filosofia e da teologia sistemática, organizando os dados bíblicos a partir da lógica interna do pensamento bíblico. É essencialmente descritiva, mas pode também tornar-se normativa quando pergunta qual o valor do texto bíblico para o intérprete de hoje. Um exemplo prático da diferença de abordagem entre as duas pode ser percebido no campo da escatologia. Enquanto a teologia bíblica discute as tensões bíblicas entre o “já” e o “ainda não” do Reino de Deus (escatologia realizada e escatologia futura), a teologia sistemática evangélica volta-se para divisões como pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo, pré-tribulacionismo, etc.

Resumo Histórico
As raízes da teologia bíblica estão na Reforma Protestante. O ponto de partida protestante Sola Scriptura lançou a semente para uma teologia exegética, buscando livrar-se da Dogmática Eclesiástica. Os comentários de Calvino são os primeiros exemplos de uma exegese bíblica histórico-gramatical, que estabelecia os primórdios da futura teologia bíblica. Todavia, a maioria dos estudiosos define o início do moderno estudo da teologia bíblica, ou mais especificamente, da teologia bíblica do Antigo Testamento, a partir da palestra inaugural do professor Johann Philipp Gabler na Universidade de Altdorf em 1787. Antes de Gabler não havia uma distinção entre teologia dogmática e teologia bíblica.  Não havia separação entre teologia do Novo Testamento e teologia do Antigo Testamento. Gabler defendia essas distinções. Mesmo que nunca tenha escrito uma teologia do Antigo Testamento, foi o professor Gabler quem estabeleceu os princípios básicos e o método pelos quais seria possível escrever uma teologia bíblica do Antigo Testamento. A base do estudioso alemão era racionalista, e foi sobre tais fundamentos é que surgem os primórdios da teologia bíblica. Apesar dessa influência filosófica da época, muito clara em estudiosos como G. L. Bauer, de Wette e F. C. Baur, alguns estudiosos adotaram uma linha mais evangélica e menos racionalista. Entre eles devem ser mencionados E. W. Hengstenberg, F. Delitzsch e G. F. Oehler.
Entre 1880 e 1930 a incipiente teologia bíblica perdeu espaço para os estudos da história da religião. As novas tendências filosóficas, aliadas à curiosidade européia para com os costumes e idéias religiosas de outros povos fomentou uma interpretação da fé bíblica dentro de um contexto religioso universal. A fé de Israel e do cristianismo deveriam ser vistas sob parâmetros evolucionários e à luz da comparação com as outras religiões conhecidas.
Somente depois da década de 30 do século XX foi que ressurgiu o interesse pela teologia bíblica. Tal efervescência perdura até os anos 70. Muitos nomes de peso surgem tanto no campo do Antigo como do Novo Testamento. Nomes como O. Eissfeldt, W. Eichrodt, G. von Rad, B. Childs, C. Westermann, W. C. Kaiser, S. Terrien, W. Brueggmann, R. Bultmann, H. Conzelmann, E. Käsemann, H. J. Kraus, K. H. Schelkle, J. Jeremias, G. E. Ladd e D. Guthrie tornaram-se marcas na teologia bíblica principalmente durantes as décadas de 30 a 70. Além disso, muito da teologia contemporânea interagiu bastante com o pensamento bíblico e estabeleceu modelos sistemáticos de teologia menos presos a categorias filosóficas clássicas. Aqui merecem destaque especial os nomes de K. Barth, W. Pannenberg e Oscar Cullmann. Nas últimas décadas a teologia bíblica continua viva, mas tem enfrentado dificuldades e alguns até crêem que esteja em grande crise." (Extraído do texto A importância da Teologia Bíblica. Disponível em <http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3874-a-importancia-da-teologia-biblica-luiz-sayao> Acesso em 03 nov 2018)

Por que estudar teologia?
"Por que raios eu deveria me importar com teologia?
Tudo o que eu preciso está na Bíblia.
Eu posso seguir Jesus sem ter de aprender todos os tipos de palavras obscuras.
Você já ouviu outro cristão dizer algo semelhante a essas declarações? Você já disse algo assim? Você já pensou em tais coisas? Se sim, você não está sozinho. A vasta maioria dos cristãos professos tem pouco ou nenhum interesse em teologia. Nas mentes de muitos cristãos não existe nenhuma conexão necessária entre a teologia e sua vida cristã cotidiana. Eles acreditam que a teologia é irrelevante.
A desconexão entre teologia e igreja e entre teologia e o cristão teve resultados desastrosos. Alguém precisa apenas olhar as recentes pesquisas examinando o nível de conhecimento teológico no meio dos cristãos professos, para saber que algo deu errado. Quando um grande número de cristãos professos começa a dizer aos seus amigos e familiares: “Você só precisa ler A Cabana! Aprendi muito sobre Deus com esse livro”, então, bem, Houston, temos um problema. Quando um grande número de cristãos evangélicos professos não tem certeza se a divindade de Cristo é um artigo da fé cristã, então nós temos mais que um problema. Nós somos os lêmingues daquele provérbio, correndo temerariamente em direção ao precipício.


Teologia Definida

Para que os cristãos comecem a entender por que a teologia é necessária e relevante, precisamos entender o que queremos dizer por teologia. Os teólogos reformados do passado definiram a teologia como “uma palavra sobre Deus” baseada na “Palavra de Deus”. Em suma, em sua essência, a teologia é o conhecimento de Deus.
O conhecimento de Deus é uma linha divisória entre crentes e incrédulos. As Escrituras caracterizam os incrédulos como aqueles que não “conhecem a Deus”, aqueles que não possuem “conhecimento de Deus” (Os 4.1; 1 Co 1.21; Gl 4.8; 1 Ts 4.5; 2 Ts 1.8; Tt 1.16). Em contraste, os cristãos são aqueles que conhecem a Deus e que estão crescendo no conhecimento de Deus (Cl 1.10). Crescer no conhecimento de Deus significa crescer em nossa teologia.
Nesse sentido mais básico, todos os cristãos são chamados à teologia. Se a Escritura nos convoca a crescermos no conhecimento de Deus/teologia, então, a busca desse conhecimento teológico é um ato de obediência cristã. Ela se torna um aspecto do discipulado cristão, algo inegociável para o crente.
Quando começamos a pensar a respeito de teologia, em primeiro lugar, como conhecimento de Deus, podemos começar a vislumbrar a verdade sobre a relevância da teologia. Podemos começar a ver que isso faz toda a diferença do mundo para as nossas vidas. Começamos a enxergar como isso é relevante para tudo o que pensamos, dizemos e fazemos como seguidores de Jesus Cristo.


Teologia e o Amor de Deus

Para aqueles que permanecem céticos, abordaremos a mesma questão de um ângulo diferente. Quando perguntaram a nosso Senhor Jesus Cristo: “Qual é o maior mandamento?”, qual foi a sua resposta?
Continua após anúncio: Ele disse: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mateus 22.37; cf. Marcos 12.30; Lucas 10.27).
Você ama a Deus?
Se assim for, isso é bom, mas temos de escolher entre o amor a Deus e a teologia, entre o amor a Deus e o conhecimento de Deus? Eu sugeriria que os Beatles estavam errados quando cantaram: “Tudo que você precisa é de amor”. Esse sentimento não conseguiu manter quatro rapazes juntos por mais de uma década. Assim, é certo que não manterá uma igreja saudável.
Amor a Deus e conhecimento de Deus caminham de mãos dadas. Se você realmente ama a Deus, você já tem pelo menos um conhecimento mínimo de Deus, uma “teologia” mínima. Se você não conhecesse absolutamente nada de Deus, se não tivesse nenhum conceito a respeito da sua existência, amá-lo seria impossível. Mas se você o ama porque conhece alguma coisa a respeito dele, deve haver um desejo de crescer em seu conhecimento dele – crescer em sua teologia.
Não é isso que acontece quando nos apaixonamos pela primeira vez por outra pessoa? Encontramos uma pessoa e, talvez, falamos com ela. Baseados no conhecimento que temos dessa pessoa, somos atraídos por ela. E se somos atraídos por essa pessoa, se gostamos dele ou dela, o que queremos? Queremos conhecer mais. Nós falamos a ela e dizemos: “Conte-me sobre você. Conte-me sobre a sua infância. Fale sobre os seus gostos, seus desgostos. Fale sobre suas esperanças e seus sonhos”. Então, nós ouvimos. E quanto mais o nosso crescimento a respeito dessa pessoa cresce, mais o nosso amor cresce.
Num sentido, isso é semelhante ao que estamos fazendo na teologia formal. Estamos fazendo perguntas a Deus, para que possamos crescer em nosso conhecimento sobre ele e, assim, em nosso amor por ele. Suas respostas às nossas perguntas são encontradas nas Escrituras. Quando começamos a organizar as respostas de maneira, temos uma forma rudimentar do que é chamado de teologia sistemática.
Nós dizemos: “Conte-me a teu respeito, Senhor”. Se organizarmos nossas respostas de maneira ordenada, temos o que os teólogos chamam de “teologia propriamente dita”. Ou se dizemos: “O que tu podes dizer a respeito de mim mesmo e de outros como eu?”, e arranjamos as respostas, temos a doutrina bíblica do homem, ou em termos mais técnicos: “antropologia teológica”. Nós podemos perguntar a Deus: “Podes me dizer o que há de errado comigo?” Um arranjo ordenado das respostas é a doutrina do pecado. Quando organizamos as respostas a esta pergunta: “Por que me escolheste e como é que agora estou reconciliado contigo?”, temos a doutrina da salvação ou soteriologia. Podemos perguntar a Deus: “Quais são os meus fins últimos?” Uma organização das respostas encontradas nas Escrituras é a doutrina das últimas coisas ou escatologia.
É claro que essa comparação é por demais simplista, mas o ponto básico deve ser claro. Teologia é conhecimento pessoal. Estritamente falando, é conhecimento tripessoal, porque é o conhecimento da Trindade. Também é um conhecimento que podemos ter apenas porque Deus decidiu se revelar. Jesus nos disse que “ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27; ênfase adicionada).


Para Quem É a Teologia?

Quando temos uma melhor compreensão da natureza da teologia, podemos entender melhor por que isso é necessário e relevante. Em primeiro lugar, a teologia é necessária e relevante para a igreja. A igreja é chamada para proclamar o evangelho e discipular as nações. Em suma, a igreja deve proclamar a verdade. A igreja deve instruir os cristãos e combater as falsas doutrinas (2 Timóteo 4.1-5; Tito 1.9). Ambas as tarefas exigem uma séria reflexão sobre o ensino das Escrituras. Portanto, a teologia é indispensável para a igreja.
A teologia também é necessária e relevante para cada cristão individual. Já mencionei a conexão entre o amor a Deus e o conhecimento de Deus. Um discípulo de Cristo deve estar crescendo em ambos. A necessidade e a relevância da teologia também podem ser demonstradas ao se notar a importância de se entender as Escrituras. Se a compreensão das Escrituras é importante e relevante, a teologia é relevante e importante. Permita-me elaborar isso um pouco mais. Leia lentamente cada uma das seguintes passagens da Escritura:
  • No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (João 1.1).
  • E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.14).
  • Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2.9).
  • Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo (Efésios 1.4).
  • Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Coríntios 5.19).
  • Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5.21).
Numa escala de 1 a 10, quão importante você diria que cada um desses textos é? Você diria que eles possuem um alto nível de importância? Se você acredita que algum, ou todos esses textos têm um alto nível de importância, quão importante é que você e eu entendamos o que eles significam? Se você disse: “Muito”, você está correto. Agora, considere o fato de que a lista acima contém apenas seis versículos de toda a Palavra de Deus. É tão importante entender o restante da Escritura quanto entender esses seis versículos. Afinal de contas, ela é a Palavra de Deus. Essa é outra razão pela qual o estudo da teologia é relevante. Ela nos ajuda a entender a Escritura e a pensar e falar verdadeiramente sobre o que Deus revelou em sua Palavra.
Finalmente, é importante lembrar que mesmo aqueles cristãos, que acreditam que a teologia é irrelevante, estão “fazendo teologia”. Eles estão simplesmente fazendo isso sem a consciência de estar fazendo, e, geralmente, isso é uma indicação de que eles estão fazendo mal. Se fizermos isso sem consciência ou reflexão, o potencial para o erro aumenta de modo dramático. Precisamos considerar isso, pois erros relacionados a Deus, sua vontade e suas obras são muito mais sérios do que erros em outras áreas da vida. Erros aqui resultam em falsas doutrinas, heresia e idolatria.
O estudo da teologia é necessário e relevante porque nos ajuda a sermos mais ponderados e cuidadosos em nossos pensamentos e discurso sobre Deus. Ele nos ajuda a sermos transformados pela renovação das nossas mentes." (Extraído do texto Por que estudar teologia? Disponível em <https://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/05/por-que-estudar-teologia/> Acesso em 03 nov 2018)


Por que a Teologia é importante?
"... a teologia se preocupa com o discurso sobre Deus, com o discurso de Deus, e com a variedade de experiências que são ditas para derivar a partir dele. Esta é a teologia de acordo com sua definição mais geral. Entendendo dessa maneira, a reflexão teológica também incluiria a psicologia, a sociologia e a filosofia da religião, bem como o estudo de qualquer e todas as religiões e não apenas o cristianismo.
Para os nossos propósitos, no entanto, estamos preocupados com a teologia distintamente cristã. Mais especificamente, estamos preocupados com a teologia cristã como uma disciplina intelectual de estudo. [1] Podemos nos envolver nesta disciplina dentro da academia ou na Igreja, ou em uma base puramente privada. Onde quer que escolhemos encontrar esta disciplina, devemos primeiro fazer uma pausa para fazer a pergunta: por que é importante estudar a teologia cristã?
Esta questão não é facilmente respondida. Afinal, o estudo teológico nem sempre foi amigo da fé. Embora possa ser pessoalmente revigorante e intelectualmente refrescante, o estudo da teologia também pode ser usado de uma forma desagradável e inútil. [2] Estou ciente de que este é um perigo muito real e presente. No entanto, também estou convencido de que o estudo teológico é imensamente satisfatório e cada vez mais necessário. Permitam-me sugerir sete razões pelas quais este é o caso.
Primeiro, a teologia cristã é pessoalmente benéfica. Não é necessariamente verdade que o estudo da fé aumenta as próprias crenças. Não no mínimo. Mas da minha experiência e de muitas outras, o estudo da teologia tem sido uma bênção substancial. Não só porque pinta um grande quadro que satisfaz, mas também porque lhe envolve com sólidas verdades que podem ser usadas ​​para confortá-lo quando os tempos são difíceis. Quando as coisas são menos difíceis, essas mesmas verdades ajudam a moldar e cristalizar seu conhecimento de Deus, levando-o a adorá-Lo. [3]
Em segundo lugar, a teologia cristã é pastoralmente útil. Da mesma forma que o estudo teológico pode ajudá-lo como indivíduo também pode ajudá-lo na sua ajuda dos outros. Conhecer a verdade, e conhecê-la bem, é poder administrá-la quando apropriado. Naturalmente, não é o caso que todos os teólogos são bons pastores. O estudo da teologia não o transformará necessariamente em uma “pessoa do povo”. (Tem de trabalhar nisso separadamente, tenho que dizer.) Mas é verdade que todos nós somos chamados a consolar com o consolo que recebemos (2 Cor 1,3-4), a chorar com aqueles que (Romanos 12,15), e carregar os fardos uns dos outros (Gálatas 6,2). Você obviamente pode fazer isso sem ser um teólogo. Mas ser um teólogo pode ajudá-lo a entender a natureza e a ordem de um problema, principalmente porque o estudo teológico pode ajudá-lo a organizar a realidade humana de acordo com a realidade de Deus. Num contexto pastoral, isto pode ser de grande valor.
Terceiro, a teologia cristã é eclesialmente vital. Em linha com o que estabelecemos na última vez, todos nós somos teólogos. Isto é especialmente verdadeiro nas igrejas. Todas as expressões da Igreja assumem distinções teológicas, mesmo aquelas que não se preocupam em ser “teológicas”. Toda decisão tomada levará a uma questão de teologia, mesmo que as decisões sejam absolutamente mundanas. Por exemplo, escolher permitir que os não batizados tomem comunhão pode ou não ser “correto”, mas presume algo sobre a natureza dos sacramentos e o propósito da Igreja. Decidir cantar algo diferente dos Salmos pode ou não ser “correto”, mas presume algo sobre o que é a adoração e como devemos usar a Bíblia. Resolver ser uma Igreja estabelecida com uma conexão formal com o Estado pode ou não ser “bom”, mas presume algo sobre como devemos entender a política e o Reino de Deus. Estes são apenas três exemplos, mas ilustram como a Igreja não pode se divorciar da reflexão teológica. Na verdade, é dever da Igreja fazer teologia e a teologia deve ser, em sua essência, eclesial .
Em quarto lugar, a teologia cristã é publicamente conflituosa. Ela é projetado para o desafio e conflito principalmente por conta do assunto da teologia – Aquele que é Senhor dos Senhores. Estudar teologia é estudar assuntos do Reino de Deus e chegar a um acordo com sua autoridade sobre todas as outras autoridades. O mandato do teólogo é eletrizantemente emocionante. Não é simplesmente manter consistência no que diz respeito à pregação e à prática; É muito mais do que isso. O teólogo é encarregado de informar a confissão da Igreja à sociedade e ao governo, oferecendo um lembrete de nossa responsabilidade diante de um Deus Santo. [4] A teologia cristã tem algo vital para contribuir não só para a academia e para a Igreja, mas também para a sociedade em geral.
Em quinto lugar, a teologia cristã é apologeticamente útil. Dado o propósito deste blog, é apropriado que eu observe a utilidade da teologia para aqueles interessados ​​em apologética. Falaremos mais sobre isso em um post posterior. Por agora, vamos colocá-lo realmente simples: você não pode defender com êxito o que você não conhece bem.
Sexto, a teologia cristã é intelectualmente necessária. Por “necessário”, eu não quero dizer que todos devem se tornar um teólogo acadêmico. Eu simplesmente me refiro à inevitabilidade de que você está indo eventualmente falar sobre Deus, e se você é um cristão, você vai querer falar honestamente sobre Ele. Para fazer isso, você invariavelmente participará da reflexão teológica. O estudo da teologia cristã nos ajuda nesse processo inevitável.
Sétimo, a teologia cristã é adoração. Lembre-se de nossa definição de teologia – ela está preocupada com o nosso discurso sobre Deus. Quando nos esforçamos para falar sobre Ele com precisão, Lhe damos glória. Como Jesus disse, Deus deve ser adorado em Espírito e em verdade (João 4,23). Esta não é uma conexão automática; Obviamente, nem todos os teólogos estudam de uma maneira que honre a Deus. Mas é uma opção que está aberta para você. É possível que, se você optar por estudar teologia, você também pode optar por torná-lo um processo de adoração. Isto é verdade para toda a atividade humana, mas especialmente para a reflexão teológica, que nos leva a meditar sobre o que é divino.
Por estas razões, insisto que o estudo da teologia cristã é importante. Possui utilidade pastoral e apologética, e pode ajudar a informar a missão da Igreja. Ele carrega a possibilidade emocionante de engajamento público, bem como o potencial de bênção pessoal." (Extraído do texto Por que a teologia é importante? Disponível em <https://logosapologetica.com/teologia-101-por-que-a-teologia-e-importante/> Acesso em 03 nov 2018)




Terushi Kawano
Membro da Igreja Presbiteriana do Brasil

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